O clima de tensão dentro da Assembleia de Deus Ministério Templo Central, no bairro Iparana, em Caucaia (CE), atingiu o ápice nesta semana após o cumprimento de uma decisão judicial que reconduziu o pastor Luiz Carlos Nascimento Barros à presidência da igreja. A ordem, expedida pela 2ª Vara Cível da Comarca de Caucaia, autorizava o uso de força policial e até o arrombamento do templo para garantir o acesso do pastor, que estava impedido de exercer sua função desde 2020.
O mandado judicial atendeu ao pedido do pastor Luiz Carlos, afastado há anos sob alegações de condutas impróprias, incluindo uso de bebidas alcoólicas, cigarros e envolvimento em comportamentos considerados escandalosos pela antiga liderança da igreja. Apesar das denúncias, Luiz Carlos conseguiu liminar para reassumir o cargo, com base na alegação de afastamento ilegal.
Segundo a decisão assinada pelo juiz Francisco Biserril Azevedo de Queiroz, a tutela antecipada em favor do pastor deveria ser cumprida imediatamente, com autorização expressa para reforço policial e arrombamento das instalações. A medida foi tomada após constatação de que Gley Dailson, pastor em exercício até então, continuava a impedir o acesso de Luiz Carlos, mesmo após a convenção estadual CONADEC ter validado sua recondução ainda em 2020.
Membros se dividem e maioria segue Gleydailson em novo local
O cumprimento da decisão resultou em cenas inusitadas e polêmicas: Luiz Carlos, acompanhado de aliados, chegou a subir por uma escada e entrar pelo banheiro da igreja para tomar posse, já que os portões estavam trancados. Em seguida, o grupo arrombou cadeados e entrou no templo, como registrado em vídeos que circularam nas redes sociais.
Apesar de estar amparado pela justiça, o retorno de Luiz Carlos causou revolta entre os membros. Em áudio enviado por um integrante da igreja, fica claro que a maioria dos fiéis não aceita o antigo pastor. Cerca de 95% dos membros já se mudaram para outro espaço, onde continuam cultos e atividades com o pastor Gleydailson.“Já estamos com nova sede, alugamos outro espaço e vamos construir nosso templo. Não vamos continuar com o ex-pastor”, afirmou um obreiro. Segundo ele, o grupo já planeja uma campanha para arrecadar recursos e evitar novas disputas jurídicas ou invasões.
Mesmo diante da decisão judicial, a comunidade eclesiástica se fragmentou. Para muitos fiéis, o processo expõe o desgaste institucional e a ausência de diálogo entre liderança e convenção. A CONADEC, por sua vez, já havia determinado em 2020 o retorno de Luiz Carlos à função pastoral, lavrando inclusive uma ata pública.
A polêmica ainda não terminou. Os autos do processo nº 3005722-50.2025.8.06.0064 indicam que a medida é provisória, uma vez que a sentença definitiva ainda está pendente de julgamento. Enquanto isso, o templo físico foi retomado, mas a maior parte da membresia já se desvinculou dele — seguindo um novo caminho sob o comando deo pastor Gleydailson.